ATA DA DÉCIMA TERCEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 24-7-2008.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de julho do ano de dois mil e oito, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, Margarete Moraes, Neuza Canabarro e Sebastião Melo, Titulares. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores Dr. Goulart e Ervino Besson e a Vereadora Maristela Maffei, Titulares. Na oportunidade, foram apregoados os Ofícios nos 577 e 578/08, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando, respectivamente, Veto Parcial ao Projeto de Lei do Legislativo nº 219/06 (Processo nº 4879/06) e Veto Total ao Projeto de Lei do Legislativo nº 026/07 (Processo nº 1248/07). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 024/08, da Coordenação do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre – FMDCA –; 059/08, da Deputada Estadual Kelly Moraes, Presidenta da Comissão de Assuntos Municipais da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; 4079/08, do Senhor Nelson Henrique Barbosa Filho, Secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. Durante a Reunião, constatada a existência de quórum deliberativo, foram aprovadas as Atas da Sétima e Nona Reuniões Ordinárias e as Atas Declaratórias da Oitava e Décima Reuniões Ordinárias. A seguir, por solicitação do Vereador Adeli Sell, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma à Senhora Dirce Margarete Grosz, falecida no dia vinte e dois de julho do corrente. Em continuidade, o Senhor Presidente informou o cancelamento de reunião dos Senhores Vereadores com o Senhor Luís Afonso Senna, Secretário de Mobilidade Urbana, previamente agendada para as dez horas de hoje, e agradeceu o apoio dos Senhores Vereadores à realização do fórum “Porto Alegre: Uma Visão de Futuro”. Após, o Senhor Presidente registrou o transcurso, hoje, dos aniversários dos Vereadores João Antonio Dib e Sebastião Melo, tendo o Vereador Haroldo de Souza manifestado-se a respeito. Às nove horas e cinqüenta e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às nove horas e cinqüenta e cinco minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell discorreu acerca da necessidade de desenvolvimento de políticas públicas voltadas à população idosa, atentando para o fato de que integrantes dessa faixa etária são especialmente atingidos por deficiências nas áreas de saúde pública e pela falta de conservação dos passeios públicos. Nesse sentido, cobrou do Governo Municipal medidas voltadas a essa parcela da população, em especial aos que são moradores de rua ou usuários do transporte coletivo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Claudio Sebenelo, corroborando o pronunciamento do Vereador Adeli Sell, em Comunicação de Líder, considerou como “caridade” as políticas públicas voltadas aos idosos. Em relação ao tema, mencionou proposições de sua autoria que tramitam nesta Casa, relativas à questão da valorização do idoso, e propôs a adoção de medidas que garantam efetivamente a inclusão social e cultural da terceira idade em Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Alceu Brasinha parabenizou o Sport Club Internacional pela vitória na partida de ontem contra o São Paulo Futebol Clube. Também, relatou reunião de Vereadores com moradores da Vila do IAPI relativa à segurança pública daquela zona da Cidade, chamando a atenção para tratativas no sentido de que seja mantida a Delegacia de Polícia em funcionamento naquela região, atualmente localizada em prédio pertencente à União. O Vereador Carlos Todeschini apoiou legislação federal que institui piso salarial nacional de novecentos e cinqüenta reais para professores da rede pública de ensino, sustentando que a priorização da educação é fundamental para o desenvolvimento do Brasil. Nesse contexto, criticou a postura da Governadora Yeda Crusius, contrária a essa alteração, protestando contra a forma como o Executivo Estadual posiciona-se em relação à valorização dos trabalhadores em educação. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença, neste Plenário, do ex-Vereador Reginaldo Pujol. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Claudio Sebenelo discorreu acerca da importância de ser dispensado tratamento digno aos idosos no Brasil, citando, como exemplo de abandono, o ex-jogador de futebol e ex-ator Breno Melo, que faleceu sozinho e na pobreza em Porto Alegre. Nesse sentido, ressaltou que os avanços nas áreas médica e tecnológica não implicaram obrigatoriamente em melhores condições de vida a essa parcela da população, lembrando a necessidade de políticas publicas mais eficientes para os idosos no Brasil. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Margarete Moraes elogiou o piso salarial para os professores, aprovado pelo Senado e promulgado pelo Presidente da República, Ainda, criticou a situação em que se encontra a Avenida Baltazar de Oliveira Garcia e contestou as políticas públicas do Executivo Municipal para o futuro da Cidade. Finalizando, parabenizou o Ministério da Saúde pelo lançamento da campanha nacional de incentivo ao parto normal e redução da cesárea desnecessária. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Dr. Goulart teceu considerações sobre os cuidados e o respeito que merecem os idosos, em razão de toda a experiência que eles adquiriram ao longo da vida. Sobre o assunto, mencionou citações de escritores brasileiros que trataram dessa questão e afirmou que os velhos tem necessidades iguais a todas as outras pessoas e devem ser tratados não como um obstáculo aos jovens, mas sim como uma fonte de aprendizado. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, o Vereador Adeli Sell questionou o balanço apresentado pela Companhia Carris Porto-Alegrense, alegando falta de esclarecimentos do Executivo sobre dúvidas na administração dessa empresa. Também, cobrou providências do Governo Municipal em relação ao abandono do Centro da Cidade, especialmente quanto à sujeira nos logradouros públicos e a moradores de rua que não recebem o atendimento necessário por parte dos órgão públicos. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que hoje, às onze horas e trinta minutos, será recebido no Salão Nobre Dilamar Valls Machado, desta Casa, o Comandante do V Comando Aéreo Regional – COMAR –, Major-Brigadeiro Raul José Ferreira Dias, convidando todos os Vereadores para comparecerem nessa reunião. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maristela Maffei discutiu a questão do poder do narcotráfico na sociedade atual, divulgando dados de que esse mercado ilegal representa a segunda maior movimentação de dinheiro no mundo, atrás apenas da indústria bélica. Também, registrou notícias publicadas na imprensa local nos últimos dias a respeito do assassinato de jovens envolvidos com drogas, alegando que as ações públicas para combater esse mal devem ser vigorosas e incessantes. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson saudou os Vereadores João Antonio Dib e Sebastião Melo pelo transcurso, hoje, de seus aniversários e parabenizou a Presidência deste Legislativo pela promoção do fórum “Porto Alegre: Uma Visão de Futuro”, encerrado no dia vinte e dois de julho do corrente. Ainda, ratificou pronunciamentos formulados pelos Senhores Vereadores nesta Sessão, acerca da importância do respeito e valorização do papel exercido pelo idoso na sociedade atual. O Vereador Haroldo de Souza, questionando a relevância dos trabalhos realizados pela Comissão Representativa, analisou aspectos atinentes à função do Poder Legislativo Municipal, salientando a necessidade de que a atuação dos Parlamentares seja embasada não em posições meramente partidárias, mas na busca de soluções aos problemas da Cidade. Da mesma forma, avaliou gestões do Partido dos Trabalhadores à frente de Governos Municipais, Estaduais e Federal. O Vereador João Antonio Dib manifestou-se quanto ao governo do Prefeito José Fogaça e lembrou que na data de hoje se comemora a elevação de Porto Alegre do estado de Freguesia a Vila, ocorrida no ano de mil setecentos e setenta e três. Também, citou indicações para Ministro do Supremo Tribunal Federal efetuadas pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e asseverou que Sua Excelência reduziu o montante de verbas públicas federais recebidas pelo Sistema Único de Saúde em Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Alceu Brasinha defendeu a atuação do Prefeito José Fogaça, declarando que Porto Alegre está mais limpa e bonita e que a população reconhece as mudanças positivas verificadas na Cidade. Nesse sentido, abordou programas de infra-estrutura desenvolvidos conjuntamente pelos Governos Estadual e Municipal e, finalizando, referiu-se à partida de futebol desta noite, entre as equipes do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e do Figueirense Futebol Clube. Às onze horas e cinqüenta e três minutos, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Sebastião Melo, Claudio Sebenelo e Carlos Todeschini e pela Vereadora Margarete Moraes, esta nos termos do artigo 27, parágrafo único, do Regimento, e secretariados pelos Vereadores Ervino Besson e Claudio Sebenelo, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Ervino Besson, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL (Requerimento): Ver. Sebastião Melo, em nome de minha Líder, Verª Margarete Moraes, do Ver. Carlos Todeschini e em meu nome, peço que façamos um minuto de silêncio pela trágica morte de Dirce Margarete Grosz, que foi uma figura importante em nosso Partido aqui, na Administração, trabalhou na Secretaria Municipal de Educação; agora vinha exercendo um trabalho importante na Secretaria Nacional de Mulheres, ela perdeu a vida nesse trágico acidente ocorrido na BR-386. Perdemos uma companheira de Partido, mas, antes de tudo, uma feminista e uma grande educadora. Então, em homenagem a essas pessoas, e especialmente a Dirce Margarete Grosz, eu queria render um minuto de silêncio.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Deferimos.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Srs. Vereadores, antes de passar a condução dos trabalhos ao Ver. Sebenelo, quero fazer um comentário e uma comunicação. Primeiro, é que estava programada para hoje a realização de uma reunião, às 10 horas, no Plenarinho, para tratar de um tema que tem movimentado a Cidade que é a questão do modal de transportes de fretamento. Todos nós temos acompanhado muito o debate nos meios de comunicações, nas rádios. O Secretário Senna, que estava programado para vir à reunião, teve um compromisso de última hora, ontem, e nós, então, transferimos essa reunião para um outro momento. Eu tinha, inclusive, remetido isso às caixas de correspondência, pedi que fosse comunicado. Então, não haverá a reunião hoje às 10 horas; ela fica postergada, talvez, para próxima semana.

Segundo, queria também, de forma muito especial, agradecer aos Vereadores que estão aqui e aos que não estão aqui, porque acho que a Câmara deu um salto enorme ao ter produzido um grande debate a respeito dos temas urbanos. Eu acho que a finalização do nosso Porto Alegre, uma Visão de Futuro, Ver. Todeschini, Ver. Dib, Ver. Haroldo, Ver. Brasinha, Verª Margarete, Ver. Adeli e os outros Vereadores, todos que estiveram lá sabem o quanto foi rico para os nossos mandatos, mas, acima de tudo, para a nossa Cidade. Então, eu queria agradecer enormemente e dizer que a Câmara deu um passo importante, que é discutir não apenas o futuro, mas uma estratégia da Cidade que todos nós queremos para frente.

Eu passo, neste momento, a presidência dos trabalhos ao Ver. Sebenelo; logo em seguida, retorno aqui à presidência.

 

(O Ver. Claudio Sebenelo assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Como todo Presidente que assume, eu gostaria de fazer um comentário: hoje o Presidente Sebastião Melo completa a metade de um século, 50 anos de idade. Eu queria dizer a ele, como amigo - e eu tenho certeza que eu represento os outros Vereadores -, que nós Vereadores escolhemos um Presidente que está projetando esta Câmara no cenário da Cidade, do Rio Grande do Sul, e - por que não? - do Brasil, com a sua excelência no trabalho e, principalmente, com a sua liderança, firmando-se como um dos Presidentes que vai marcar a história desta Casa, pela humildade e pela decência. Isso, para nós, é encantador. Parabéns!

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Quero registrar, também, o aniversário do meu querido João Antonio Dib, com quem aprendi muitas coisas nesta Casa, continuo aprendendo e vou continuar aprendendo, pelo seu exemplo de trabalho, nos seus 79 anos; e ele estava acertando comigo, agora, que ele ficará mais 39 anos, e eu, mais 26 anos.

Então, estamos todos combinados, e de parabéns pelos dois aniversariantes de hoje: Sebastião Melo e João Antonio Dib.

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Neste momento, suspendo os trabalhos para tirar a foto com os demais Vereadores e os aniversariantes.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 9h54min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo – às 9h55min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

Um aviso de utilidade pública: o Ver. Sebastião Melo, que se considera, profissionalmente, um cozinheiro, está oferecendo a todos os Vereadores um evento que se realizará antes do final do recesso - a ser marcado dia e hora - para comemorar os seus 50 anos.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Ver. Sebenelo; colegas Vereadores e Vereadoras; Ver. João Dib, primeiro, parabéns pelo seu aniversário, da mesma forma ao Vereador Sebastião Melo; mas, Ver. João Dib, eu quero falar hoje dos idosos, porque nós somos uma sociedade que nos últimos 35 ou 40 anos mudou radicalmente: o Brasil que era um país eminentemente rural, colonial, passou a ser um país urbano. A longevidade, a possibilidade de mais e mais e mais anos de vida para as pessoas aumentou muito nos últimos anos, e tende a aumentar mais, graças aos avanços da moderna Medicina, Ver. Dr. Goulart. Na área da Saúde, o mais maltratado é o idoso, porque o idoso necessita, muitas vezes, de medicamentos de uso continuado, e esses medicamentos de uso continuado nós não encontramos nos postos de saúde, mesmo os básicos, por exemplo, aqueles para a pressão alta.

Se o idoso é acometido de uma patologia, e aí não é muito diferente dos outros quando tem que tomar medicamentos também de uso continuado por causa dessas patologias, tipo: esclerose múltipla, hepatite C, etc. e tal, o Estado, que é o responsável, também não tem esses medicamentos. Não bastasse o drama da saúde do idoso, Ver. Brasinha, esta Cidade não cuida do idoso, quando ele sai à rua, porque é importante que ele saia à rua para caminhar, mas assim que ele pisa na calçada da sua edificação, já tem um problema: as calçadas estão péssimas, malcuidadas, quebradas e não há nenhuma fiscalização da SMOV para que esse quadro mude. Eu quero fazer um apelo, aqui, ao Secretário Cássio: por favor, coloque a sua fiscalização primeiro no Centro, porque é onde proporcionalmente mora um grande número de idosos, como no Centro, Cidade Baixa, Bom Fim, parte do Menino Deus, etc. e tal. É ali que nós temos que cuidar, em primeiro lugar, das calçadas. Para chegar à Praça da Matriz, alguém tem que caminhar, morando ali no entorno, pela Riachuelo. Tirando a Ladeira até a entrada do Shopping, é a única parte da Riachuelo onde as calçadas não estão quebradas, porque o restante delas está totalmente danificada. Uma pessoa idosa, mãe de um amigo meu, minha conhecida, minha amiga, caiu na frente do Sévigné. Na frente do Colégio Sévigné, um colégio particular! E não é só ali. Eu falei, nesta semana, também com o Secretário Bulling, que disse que imediatamente vai cuidar do Mercado Público, porque as faixas amarelas não existem mais, e lá é um perigo; pessoas já caíram. E as pessoas têm me chamado a atenção sobre isso. Portanto, eu quero e vou exigir, cada vez mais, cuidado com o idoso. Mas eu também vejo idosos, Verª Margarete Moraes, perambulando pelas ruas. São nossos moradores de rua idosos. São pessoas, muitas vezes, com sofrimento psíquico. Há uma pessoa, em Porto Alegre, que deveria ser um fenômeno a ser estudado pela Medicina, porque eu nunca vi essa pessoa deitada; ela dorme sentada na porta do Theatro São Pedro. E ninguém a olha. Eu fiz, ontem, o meu último apelo, pela relação cordial que tenho, pela amizade de anos que tenho com a dona Brizabel, da FASC. Mas, eu disse que é, pela última vez, que eu vou escrever um e-mail, mandar um Fax, para tentar resolver o problema dos moradores de rua, especialmente os moradores de rua idosos do Centro da cidade, porque eu vou ter que apelar, com toda a força, com toda a determinação, ao Ministério Público. E também quero dizer: se os idosos continuarem a ser maltratados como estão sendo maltratados no transporte coletivo, eu vou ter que ver, também aqui nesta Casa, e me fazer valer do meu companheiro Ver. Guilherme Barbosa, que dirige a douta Comissão de Direitos Humanos, para tratar da questão dos maus-tratos aos idosos no transporte coletivo, porque não bastam os ônibus atrasados e lotados; os idosos são deixados, sistematicamente, nas paradas de ônibus, quando não são xingados. Nós temos de fazer um trabalho de educação, porque mais dia, menos dia - e a natureza é assim - nós seremos idosos. Mesmo que com 75, 80 anos nós possamos, ainda, parecer pessoas sexagenárias de trinta anos atrás, nós seremos idosos, e não mais com os mesmos reflexos que tínhamos aos 20, 30 anos. Portanto, a discussão sobre o idoso é fundamental, inclusive, eu diria que nesta Casa, com a ajuda dos Vereadores Dr. Sebenelo, Dr. Goulart e Dr. Raul, nós deveríamos, com a Verª Neuza Canabarro, fazer um trabalho sobre esta questão da Saúde do Idoso na Comissão de Saúde, dirigida pelo Guilherme Barbosa, e sobre a questão do Direito do Idoso. Não é mais possível uma cidade como Porto Alegre, que tem, sem dúvida nenhuma, um misto de cidade interiorana com cidade cosmopolita, que funciona 24 horas por dia, pois cresceu enormemente, e onde o automóvel tomou conta das ruas, em que o nosso idoso, às vezes, atravessa a Perimetral como se estivesse em Cacique Doble, como se estivesse lá na minha Cunha Porã, ou na Iraí, da Verª Margarete e do Ver. Vendruscolo. Mas, não; essas pessoas estão em Porto Alegre. Eu tenho visto, e se nós olharmos a estatística da EPTC, o número de acidentes, o número de mortes por atropelamento, é indiscutivelmente maior com os nossos idosos.

Portanto, eu quero iniciar, a partir de hoje, um processo permanente nesta Casa de discussão sobre a problemática do idoso em Porto Alegre, especialmente, Ver. Dr. Goulart, sobre a problemática da Saúde. V. Exª que é do PTB, cujo Secretário da Saúde é do seu Partido, nosso Vice-Prefeito, quero que V. Exas, Brasinha, que são da Bancada do PTB, que tem sido uma Bancada cooperativa, que tem sido atuante, diligente, levem o apelo a ele - podem tirar cópias das notas taquigráficas. É o apelo que eu faço à sua Bancada, ao seu Secretário para ter uma atenção redobrada, multiplicada para o nosso idoso no tratamento da Saúde Pública em Porto Alegre.

Finalmente, eu quero tratar também da questão do idoso no espaço público; nós precisamos fazer com que haja programas da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer para que o idoso não participe apenas daquelas atividades comunitárias, nos centros comunitários, ou em uma ou outra atividade que essa Secretaria já tem; eu sei que o Bosco trabalhou isso. Eu quero que junto com a SMAM, com o atento Secretário Miguel Wedy - que diferença, que homem gentil! Vereador, meu caro Ver. Dib, Miguel Wedy trabalhou com V. Exª, aqui, é do seu Partido, quero lhe pedir que passe a ele a minha posição, pois se ele continuar atento, e acho que continuará, porque eu o conheço, como tem sido até agora nesses poucos dias de gestão, nós poderemos dizer que outras coisas poderão acontecer em Porto Alegre, inclusive fazendo com que as nossas praças sejam mais bem cuidadas - junto com a SME, junto com a FASC, o nosso idoso seja levado ao espaço público, porque o espaço público de lazer, de entretenimento, o sol, a caminhada, é a saúde do idoso, é mais vida, é mais qualidade, é mais harmonia, é muito mais bem-estar.

Eu concluo, mas quero tratar, finalmente, do tema mais dramático, que são os maus-tratos, as ofensas morais, as ofensas físicas que são infringidas aos nossos idosos, nos seus lares, nas suas famílias. E eu também estarei atento a essa triste e dramática questão; nós precisamos cuidar de quem ajudou a construir esta Cidade, ajudou a construir as nossas vidas, porque sem nossos tataravôs, avôs, pais, idosos, não estaríamos aqui, não seríamos as pessoas que nós somos hoje; as pessoas nos chamam de “doutor” e nos dizem “nobres Vereadores, Vereadoras” graças a uma história passada; graças aos nossos idosos é que nós estamos aqui, e é com eles que nós devemos nos preocupar. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Obrigado, Ver. Adeli Sell. Eu peço a gentileza ao Ver. Todeschini que assuma a presidência para que este Vereador possa falar em Liderança.

 

(O Ver. Carlos Todeschini assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu peço licença para assinar em baixo e continuar o seu discurso, Ver. Adeli Sell. Este Vereador tem uma Lei na Cidade chamada Estatuto do Idoso, e ela é feita exatamente para uma mudança na política do idoso, porque o idoso recebe vários “cala a boca” e “fica quieto aí no teu canto”. Um exemplo é a passagem gratuita de ônibus, e outras pequenas doações em que o idoso é tratado como se fosse um mendigo. O ônibus, muitas vezes, não pára, e quando pára, os idosos ainda são agredidos moralmente.

Mais do que isso: as iniciativas públicas estão muito chegadas ao lazer do idoso. A eles é permitida a música e a dança, aos sábados à tarde, nunca à noite, embora seja mais romântico. Há de se permitir culturalmente ao idoso o amor, o convívio, o namoro, as belezas da vida - por que não? E isso foi transformado numa das mais farisaicas formas de, entre aspas, caridade. Esqueceram da dor do idoso. E a dor do idoso começa na definição do idoso socialmente. Ele é um ser descartável, que se usa uma vez e se joga fora. Mais do que isso: o idoso é relegado a um plano secundário.

Tem um autor que muita gente cita, Ver. Dr. Goulart, mas pouca gente lê: o filósofo Ortega y Gasset, que escreveu, em 1927, um artigo num jornal francês, e que posteriormente originou uma coletânea chamada Rebelião das Massas, em que ele fala sobre a juventude. Na verdade, ele fala sobre a velhice. Mas a juventude é a beleza, a juventude é a força, a juventude evidentemente que também é o talento. Agora, o idoso tem a alma, a sensibilidade, a experiência e a possibilidade de passar conhecimento para as gerações seguintes. Pois é exatamente essa a diferença que faz com que tenhamos o maior respeito pelo idoso, como seres civilizados, mas uma sociedade altamente consumista, onde o idoso deixa de produzir comercialmente em proporções industriais, passa a exigir do idoso o seu banimento, e é isso que não aceitamos. Então, é a passagem de ônibus de graça, são pequenos favores, às vezes inúteis. E este Vereador aqui, que tem um projeto de proteção ao idoso, quer saber é da dor do idoso, da dor da extorsão intrafamiliar, quando ele é extorquido na sua aposentadoria, quer saber da agressão física, essa lei quer saber dos maus-tratos nas clínicas - e hoje está marcado, pela Verª Neuza Canabarro, uma visita a uma clínica que tem uma denúncia de maus-tratos aos idosos, e a Comissão de Saúde, Ver. Dr. Goulart, vai lá.

Eu tenho uma lei que vai circular aqui na Câmara que reduz pela metade o preço do lotação para o idoso, mas evidentemente uma série de Vereadores vai ser contra a lei, porque vai prejudicar os lotações; não, não vai prejudicar: vai ser das 9h às 11h, o idoso vai ter direito à metade do valor, e o lotação que anda vazia vai ganhar muito maior número de fregueses, vai haver um esvaziamento do ônibus, porque este favorzinho que fazem é como uma esmola, é para humilhar o idoso que tem que ter, sim senhor... Nós não queremos tirar nada do idoso, nós queremos dar condições de dignidade a eles.

Eu tenho seis leis, uma aprovada e seis em projeto nesta Casa, favorecendo o idoso, inclusive exigindo dos hospitais acompanhamento para o idoso. Quando ele fica doente, a primeira coisa que uma família faz é colocá-lo num asilo, ou então colocá-lo num hospital, e aí então, quando ele mais precisa do convívio com a família - porque o idoso é chegado aos seus trastes, aos seus familiares, ao seu quintal, ao seu cachorro -, ele é banido da sociedade e colocado num asilo esperando a morte, como diria Samuel Beckett: “Esperando Godot”.

É exatamente por isso que quero cumprimentar o Ver. Adeli Sell, pelo brilho da sua intervenção, e a minha intervenção é apenas uma continuação desse libelo que é, indiscutivelmente, ao seu pronunciamento e à beleza do seu elogio a uma pessoa que merece muito, que é o Secretário Miguel Wedy. Meus parabéns!

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Claudio Sebenelo reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Agradeço ao Ver. Carlos Todeschini.

O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Sr. Presidente, Claudio Sebenelo; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, quero dar os parabéns, Sebenelo, pela brilhante partida que o Internacional jogou ontem. Eu estava dando uma “secadinha”, mas não funcionou! Está de parabéns! O que importa é o esporte ter essa alegria.

Ontem estivemos em uma reunião na Vila do IAPI, juntamente com vários Vereadores, o Ver. Claudio Sebenelo, o nosso Presidente Sebastião Melo, a Verª Maria Luiza, a Verª Neuza Canabarro; o Ver. Mario Fraga também passou por lá. Isso é muito importante para a Vila, porque ela é composta, na maioria, por pessoas idosas: 80% são pessoas idosas que precisam se manter naquela comunidade. E mais ainda: foi muito confortante a participação dos Vereadores naquela manifestação que nós fizemos. Nós queremos que a 9ª Delegacia continue na Av. dos Industriários, porque ela está lá há mais de 23 anos, e de tempo em tempo, Ver. João Antonio Dib, o INSS manda, mandava ou tenta nos tirar a Delegacia de Polícia, porque o prédio é do INSS, mas o Estado paga o aluguel da área. E mais ainda, é importante a Delegacia de Polícia para aquela comunidade, porque são pessoas idosas, com dificuldades, é muita gente; é um bairro de pessoas humildes, mas que têm dignidade.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria que V. Exª Tomasse, então, a minha sugestão de falar com a Verª Clênia Maranhão, da Secretaria de Governança, porque já falei com ela várias vezes. A Superintendência do INSS quer conversar com a Prefeitura e quer fazer um conjunto de permutas; o INSS foi proibido, por um conjunto de determinações legais, de emprestar espaços, mas pode permutar e vender. Permutar interessa, porque o INSS precisa de espaços, e a Prefeitura têm espaços em outras regiões e poderia, portanto, permutar aquele. Então, se V. Exª quiser levar isso adiante, com afinco, eu me proponho a fazer novamente a ponte com a Superintendência do INSS, mas que V. Exª garanta que a Verª Clênia Maranhão, nossa Secretária, faça essa ponte e nos abra essa agenda.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Com certeza, Ver. Adeli, vamos buscar o entendimento. Mas o mais importante que aconteceu na reunião foi a participação das pessoas, e, certamente, elas estavam lá representando mais pessoas, as da sua família, porque o IAPI é um bairro tradicional de pessoas idosas. No IAPI nós temos a Delegacia de Polícia e, se for tirada, vai ficar a maior insegurança, porque, na realidade, já estamos sem segurança, imaginem saindo a Delegacia de lá!

Então, senhores, a Câmara de Vereadores, ontem, foi representada por vários Vereadores, e agora eu tenho certeza absoluta que todos os Vereadores terão essa vontade de manter a 9ª Delegacia ali no IAPI, porque isso é muito importante para nós. Nós já a temos há mais de 23 anos, e a comunidade tem uma amizade muito grande com a Delegacia. Eu acho que foi uma grandeza de todos os Vereadores aqui da Câmara em terem participado, e, mais ainda: eu achei fundamental a participação das pessoas idosas, havia umas com mais de 80 anos, ficaram sentadas lá até as 21, 22 horas para participar. Quero dizer que, certamente, nós vamos buscar um entendimento.

O Ver. Sebastião Melo também está buscando uma audiência com a Secretário Mallmann para nós mantermos, Ver. João Antonio Dib, a nossa Delegacia, que é muito querida ali no bairro por todos os moradores e pela comunidade. Obrigado, senhores.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Nós é que agradecemos ao Ver. Alceu Brasinha.

O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Claudio Sebenelo; Ver. Adeli Sell, nossa Líder, Verª Margarete Moraes, Ver. João Antonio Dib, Ver. Dr. Goulart, Ver. Alceu Brasinha, os Vereadores presentes aqui, venho fazer uma manifestação, iniciando pelo tema - e, depois, certamente, será secundado, pelo que eu já sei, pela Verª Margarete Moraes - acerca de um ato do Presidente Lula, que sancionou a Lei do Piso Nacional para os nossos professores, do Piso Nacional para o Magistério. Piso Nacional de 950 reais, aprovado no Senado, aprovado na Câmara e sancionado pelo Presidente da República.

Eu quero começar por uma reflexão, Ver. Adeli Sell, porque uma coisa é o que se diz, outra coisa é o que se faz. Aqui não tem ninguém que diga que é ou que não reconheça que a Educação é a principal necessidade de qualquer povo e de qualquer país, todos dizem a mesma coisa. O Ver. João Antonio Dib tem acordo pleno: a Educação é a base, é aquilo que pode gerar segurança, é aquilo que pode garantir o desenvolvimento, é aquilo que pode tornar um país líder em tecnologia, é aquilo que pode desenvolver e incorporar valor à renda, ao salário, e produzir um justo equilíbrio nas classes sociais trabalhadoras de qualquer país.

Inclusive, tem uma coluna, ontem, do jornalista David Coimbra, do Jornal Zero Hora, em que ele conta a história da estada na Coréia e diz, falando dos europeus, que eles não são tão hábeis no futebol, pois, enquanto os filhos dos europeus estão na escola, os filhos dos brasileiros estão jogando futebol. Isso é bom, porque também tem o seu valor, tem toda a cultura e toda a carga emocional que o futebol, como esporte de massa, proporciona. O problema é que isso faz bem para uma meia dúzia, para alguns, um ou dois milionários do futebol, enquanto a grande maioria vive de ilusão.

Eu quero tratar aqui da educação. A educação que é aquilo que, enquanto os nossos jovens, as nossas crianças estão perseguindo, porque talvez não tenham outras oportunidades, os europeus têm dedicação total à escola. Por isso talvez não sejam tão hábeis e tão bons no futebol, mas eles garantem um desenvolvimento equilibrado, um desenvolvimento equânime à grande maioria do seu povo e dos trabalhadores.

Agora, quando o Presidente da República toma uma atitude de sancionar uma lei para que os trabalhadores em Educação tenham, finalmente, um reconhecimento, nós temos a tristeza de ver a Governadora do Estado se levantar contra essa Lei. Como é que nós vamos ter Educação, Ver. Goulart, com um piso salarial de 270 reais, por 20 horas, para os professores estaduais? Eu só tenho que lamentar muito, porque, depois de tudo o que ela avalizou, depois de toda a responsabilidade que ela tem pela má condução do Estado do Rio Grande do Sul em termos de favorecimento das elites, de meia dúzia de grandes e poderosos empresários, que rapinam os serviços públicos, especialmente aqueles que foram privatizados, que eram do Estado e poderiam dar sustentação tranqüila para as políticas públicas, nós, agora, vemos a Governadora Yeda Crusius levantando-se contra o piso nacional dos salários, que passa de 460 reais para 950 reais por 40 horas, ou seja, vai dobrar o salário dos professores. Uma medida que não tem nada de mais justa como o primeiro passo para dar dignidade àqueles que têm a responsabilidade de formar os nossos jovens, as nossas crianças e os nossos adolescentes. A escola, hoje, é o principal espaço público, é o principal espaço da sociedade que deve dar orientação, ocupação e informação para as crianças e para os adolescentes. Eu vejo como profundamente triste, eu vejo como lamentável e aterrador falar-se em prioridade para a Educação e depois, na prática, a Governadora não ter vergonha, até porque grande parte desses recursos vão vir do Governo Federal, vai vir complementação do Governo Federal e a Srª Governadora nem vacilou. Então, nós temos aquilo de que a Educação é prioridade da boca para fora. Agora, quando é para dar os meios, a escola integral, os prédios, as condições, laboratórios e reconhecimento para os trabalhadores, para os professores, o discurso todo vai para a lata do lixo! E aí, como nós vamos dotar essa juventude, esses adolescentes, esses futuros trabalhadores de qualificação se nós não temos sequer a coragem de defender o mínimo de dignidade aos professores? Eu gostaria que a Professora Yeda se colocasse no lugar desses professores do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio. Eu queria que ela recebesse o salário que eles recebem, Ver. Dr. Goulart. Eu queria que ela tivesse a coragem e a vergonha de colocar-se no posto de cada um desses professores, que ela pagasse o aluguel, que ela comesse com o salário de um piso de 270 reais, como é o piso com 20 horas de trabalho!

Eu conheço a realidade de muitos professores: vivem quase como indigentes. E é lamentável a atitude da Governadora, porque ela devia ter essa coragem para enfrentar os poderosos, ela deveria ter a coragem de enfrentar aqueles que se apropriaram do DPVAT, por exemplo, que extraem aqui do Estado 500 milhões de reais por ano para embolsar a duas empresas, e, depois, inclusive financiaram a sua campanha. Ela deveria ter a coragem de mexer, por exemplo, no poderio das telefônicas que têm lucros de bilhões aqui no Estado e vão para as mãos de um ou dois empresários, alguns gângsteres conhecidos inclusive neste País. É lamentável! Quando ela trata com esses, ela vira uma gatinha, um animal muito dócil, um bichinho muito tranqüilo; agora, quando é para tratar de assuntos que dizem respeito ao futuro do Rio Grande, das nossas crianças, dos nossos adolescentes, da formação profissional, da competitividade do Estado - é isto que está em jogo, Ver. Dr. Goulart, porque a nossa juventude está toda aí na periferia, pois não temos escolas de Ensino Médio, não temos formação profissional a não ser aquelas que o Presidente Lula traz agora ao Estado -, a Governadora se apresenta como líder de um levante nacional para impedir essa mínima conquista que têm os professores a partir de uma insistência do Presidente Lula, e que teve aqui a liderança da nossa querida professora Juçara Dutra, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE -, na luta dos professores para que se tenha um trabalho com o mínimo de dignidade.

Então, eu tenho muito a lamentar com mais essa atitude da Governadora. Sinceramente, eu não esperava por isso, porque todo mundo diz que Educação é prioridade, mas é prioridade quando a gente tem materialidade nos atos, não é? É dignidade no salário, no direito de os professores morarem, comerem, se vestirem e ter o mínimo de condições, e não a indigência para seus filhos! Essa é a realidade. Eu quero que a Governadora se ponha no lugar de um desses professores que vão em sala de aula, que ajudam a cumprir, inclusive, o papel de orientação familiar, porque um dos graves problemas que temos na sociedade moderna é a desagregação familiar, e o professor tem que assumir, inclusive, esse papel na sociedade. No entanto, o que nós vimos da Governadora foi isso: é líder de um levante contra a lei nacional do Lula. Ela que trate de arrumar os recursos que faltam, e que trate de dar dignidade, porque nós estamos cansados de mentira, de demagogia, de benefício para os poderosos, de opressão cada vez maior, de restrição, de corte nos serviços públicos e de arrocho para os funcionários do Estado, em especial para os professores. Certamente ela não vencerá essa história, essa luta, essa bandeira terá a vitória da necessidade e daquilo que é a vontade, eu creio, da grande maioria dos gaúchos. Espero que os Srs. Vereadores também corroborem! Nós deveríamos, inclusive, fazer uma moção de apoio ao Presidente da República para que tenha a nossa solidariedade na implantação dessa política nacional, que é apenas um pequeno começo, não é tudo, mas é um reconhecimento da busca da dignidade dos professores que são os trabalhadores que formam os nossos filhos. Obrigado pela atenção.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Agradeço ao Ver. Todeschini.

Em votação as Atas disponíveis nas Pastas Públicas do correio eletrônico: Atas das 7ª Reunião Ordinária, 8ª Reunião Ordinária Declaratória, 9ª Reunião Ordinária e 10ª Reunião Ordinária Declaratória. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.

Eu solicitaria à Verª Margarete Moraes que assumisse a presidência da Sessão, uma vez que este Vereador vai ocupar a tribuna no período de Comunicações, registrando a presença do sempre Vereador Reginaldo Pujol. (Palmas.)

 

(A Verª Margarete Moraes assume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Srs. Vereadores, eu gostaria de continuar na mesma pauta que falei em Liderança, sobre uma pequena história que aconteceu com este Vereador como profissional da área médica. Um dia desses, Verª Margarete, entrou no meu consultório um jovem senhor de 78 anos de idade com dor torácica. Depois de medicado, depois de realizada o que nós chamamos de anamnese - o exame físico -, ele saiu agradecido. Quando ele estava indo embora, voltou e disse: “Olha, eu queria lhe contar um segredo”. Eu disse: “Pois não”. Aí ele me falou: “O senhor não sabe o bem que o senhor me fez”. Aí eu disse: “Eu lhe atendi, porque eu sou profissional da área, eu sou pago para isso e eu tenho um prazer imenso em exercer a minha profissão, mas especialmente em recebê-lo”. E ele disse o seguinte: “Pois é, é sobre isso que eu quero falar. Há mais de um mês que eu não falo com ninguém, há mais de um mês que eu não troco uma palavra com nenhuma pessoa. Eu estou enlouquecido para falar. Eu vim aqui exatamente para uma consulta médica, mas eu queria falar com alguém, e foi o jeito que eu achei, porque eu saí pelas ruas da cidade, e eu meio que atacava as pessoas, elas me achavam louco. Eu me lembrei de Astor Piazzolla: “... piantao, piantao, piantao...” Louco, louco, louco, enlouquecido de saudade, enlouquecido de amor, enlouquecido de tantas coisas boas que o idoso daquela idade poderia oferecer à humanidade, e ele estava impedido de falar. Contou-me que foi até uma mesa dessas de jogo de damas e começou a se infiltrar no meio das pessoas que olhavam dois jogadores de damas se digladiando na Praça da Alfândega; e, na medida em que ele era rejeitado, ele ficou com vergonha e não podia falar. Ele disse: “A minha mulher, hoje, é atacada de uma profunda depressão, ela só faz muxoxos, ela não fala uma palavra o dia inteiro. A minha filha sai às quatro e meia, cinco horas da manhã para o trabalho, e volta às 11 horas da noite da faculdade; eu não tenho com quem conversar”.

Pois é exatamente esse isolamento, essa ilha que as pessoas viram, porque na cidade grande nós somos um arquipélago cheio de ilhas, mas essas ilhas ficam totalmente isoladas. Aquele maravilhoso jogador de futebol do Renner, de 1954, o Breno Melo, aquele negro lindo, bonito, que foi um ator maravilhoso em Orfeu Negro, envelheceu e morreu numa cabana miserável, sozinho, sem ter o que falar... E o artigo primoroso que há no Caderno de Cultura de sábado, do jornal Zero Hora, é assinado por um jornalista cuja ironia maior é o seu nome: Flávio Ilha. Pois Breno virou uma ilha, sozinho, esquecido, e com a casa cheia de goteiras - seu barraco cheio de goteiras.

Esse isolamento do idoso talvez seja a sua maior dor, porque há uma indiferença social. A indiferença do Estado é formidável, Vereador. É uma coisa espantosa como as pessoas se esquecem que um dia envelhecerão.

Outro dia, para piada nossa aqui, se dizia: “Mas, se V. Exª está defendendo os idosos, V. Exª está legislando em causa própria”. Mas que coisa maravilhosa legislar pelo idoso, por essa coisa mais doce que é a sabedoria do idoso, que é a alma do idoso, que é o jeito de abordar a delicadeza, e especialmente essa experiência que vem com o tempo, que se acumula e se manifesta em forma de sabedoria, essa sabedoria que nós precisamos num País que elogia a ignorância, num Pais que premia e privilegia a ignorância. Pois o velho é um sábio e, na sua sabedoria, muitas vezes na sua quietude, nesse seu isolamento, nesse seu insulamento, nessa ilha em que ele se transforma, ele passa a ser uma ilha de acúmulo de alguma coisa que a sociedade precisa profundamente que é o amor.

Então, nós vemos o quanto estamos longe, muito longe da busca de um tratamento para o idoso. Vejo nos hospitais que o idoso deveria ter um tratamento muito melhor, nas clínicas, onde ele é agredido fisicamente, na sua residência, onde querem se livrar dele, porque ele é um traste, porque hoje ele se confunde com objetos, e nós o esquecemos.

É aquela história maravilhosa da tragédia grega, em que, em Esparta, acima de 50 anos, todos eram velhos, e a sociedade não podia arcar com a velhice. Um dia o velho escolheu morrer de frio na montanha. E, ao escolher morrer de frio na montanha, seu filho teceu um cobertor e o levou em direção ao pico do monte, onde ele esperaria a morte - morte de frio. E, na metade, o velho rasgou o cobertor, mas rasgou-o em duas partes. “Mas, meu pai, você, que precisa deste cobertor por causa do fio, o está rasgando! Como você vai se agasalhar?” Ele disse: “Não, eu vou me agasalhar só com a metade; a outra metade eu vou deixar de presente para ti para o dia em que o teu filho te trouxer aqui para que tu vás para a montanha...” Um dia todos nós “iremos para a montanha”, um dia todos nós “morreremos de frio”, um dia todos nós passaremos. E o esquecimento em relação ao idoso é muito grande. É por isso que esta Câmara, nesta manhã, ao dedicar tanto espaço para o idoso, faz o mínimo, o mínimo dos mínimos não em agradecimento, não nessa coisa - como eu disse no Tempo de Liderança - farisaica, de dar uma passagem de graça no ônibus - isso ofende, muitas vezes -, mas tendo atitudes como a Lei do Estatuto de Proteção ao Idoso, Lei aprovada por esta Casa, que agora está tomando forma: o idoso será atendido pela Prefeitura em oito Regiões da Cidade, muitas vezes, se necessário, a domicílio, por equipes especializadas. Trabalho do Prefeito Fogaça, trabalho da Secretária Brizabel, mas produto dessa Lei desta Casa, que vai fazer com que haja a preocupação, pelo menos, não com o lazer do idoso, esse lazer quase hipócrita da preocupação de uma sociedade; ela vai se preocupar com a dor do idoso, essa dor maior da indiferença do Poder em relação ao idoso, e, principalmente, com a forma absurda como não queremos perpetuar a espécie humana.

Nós vemos um paradoxo imenso: de um lado, uma medicina que se desenvolveu, e a longevidade em 1950, em Porto Alegre, que era de 45 anos já está em quase 75; de outro lado, a qualidade de vida do idoso baixou muito.

Vou deixar para falar, numa outra Reunião, sobre a questão da Educação, que foi abordada aqui, num País em que nos seus extremos, Ver. Dib, as faixas etárias mais indefesas - a da criança e a do idoso - são indicadores da forma desumana como uma sociedade inteira trata a si própria, ao seu povo, como um Governo trata mal a si próprio, o seu povo, quando nós temos hoje, no Brasil, 17 milhões de crianças sem direito a uma vaga na creche; 86 cidades do Rio Grande do Sul não têm creche, e isso é um sintoma gravíssimo de uma questão social inabordável por parte de governantes que não sabem que está na criança a origem de tudo, e que é no velho que está a síntese de tudo.

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Sebenelo; cumprimento V. Exª pelo seu pronunciamento. Peço a gentileza de que V. Exª assuma a presidência dos trabalhos para que eu possa me pronunciar em tempo de Liderança.

 

(O Ver. Claudio Sebenelo reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Agradeço à Verª Margarete Moraes pela presidência.

A Verª Margarete Moraes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Eu quero cumprimentar o Presidente Claudio Sebenelo, em exercício, e cumprimento, com muita sinceridade, o nosso querido Ver. João Antonio Dib pelo seu aniversário, esse jovem Vereador, pelo seu conteúdo, pela sua assiduidade, pela sua postura, pois, mesmo em campos diferenciados - eu falo em nome de toda a Bancada do PT -, temos muita admiração pelo seu trabalho nesta Casa. V. Exª é um exemplo de bom político para a cidade de Porto Alegre. Não é à toa que há tanto tempo é Vereador e é sempre muito bem votado, porque a população reconhece o seu trabalho. Parabéns, Ver. João Antonio Dib! Também quero cumprimentar o nosso querido Presidente desta Casa, Ver. Sebastião Melo, sobretudo por este grande evento “Porto Alegre, uma visão de futuro”, que colocou muito bem a Câmara Municipal para a Cidade, para o Estado e para o mundo. Mas queria falar que nós anunciamos, com orgulho de classe e com muita responsabilidade social, a definição de um piso salarial mínimo para os professores. Ele foi votado no Senado, na Câmara, foi promulgado pelo Presidente Lula - e nós nos lembramos, Ver. Dr. Goulart, de Getúlio Vargas, quando instituiu o salário mínimo nacional -, porque ele funciona como um salário mínimo nacional para o Magistério de nível médio, 40 horas, com direito a ter um terço do seu horário para a preparação das aulas, para a correção, para o aperfeiçoamento, porque ninguém mais do que os professores merecem uma atualização permanente dos seus conteúdos, dada a velocidade com que as informações surgem no mundo. Haverá uma complementação financeira da União para que se possa pagar esse salário. Eu considero pouco, muito pouco, para quem vai cuidar dos nossos filhos, mas considerando a situação, de fato, no Brasil todo, se trata de um grande avanço. Então, seria o início de um novo dia para quem sonha com uma Educação de qualidade para todos e para todas, para quem pensa no presente, no futuro, e também, nesse caso, vai chegar aos aposentados. Nada mais justo do que os aposentados da Educação também receberem esse aumento. Eis que alguns Governadores, que na sua campanha, no seu programa, sempre falaram pela Educação, que tem o dever de lutar pela dignidade do Magistério, pela Educação, contestam o piso como sendo muito alto, e acham que os professores não merecem um terço do tempo para o estudo, para o auto-aperfeiçoamento, e que não merecem se dedicar a atividades complementares. Eu acredito que isso seja uma agressão, uma agressão a toda uma categoria, a toda uma classe, que é a classe do Magistério, que busca há muito tempo dignidade.

Queria falar à minha amiga, Secretária Mariza Abreu, que, junto com o Ver. Adeli Sell, com o Zé Valdir, com o José Clóvis Azevedo, somos de uma geração que lutou pela dignidade do Magistério. Nós lutamos para que os professores não fossem considerados sacerdotes, voluntários; lutamos por uma complementação do salário, para que sendo homens ou mulheres, no Magistério, tivéssemos dignidade, fôssemos considerados profissionais da Educação. Sempre lutamos pela dignidade na Educação, e, agora, a Governadora Yeda Crusius, que é professora, o seu marido é professor, e a professora Mariza Abreu, viram as costas para o Magistério e ameaçam entrar na Justiça contra esse piso. Então, não é boa essa notícia que a Governadora Yeda dá para o Rio Grande do Sul, com tudo que ela tem feito de errado no Estado, porque o seu Governo é um verdadeiro desastre e ela ainda afronta uma classe que merece esse piso salarial.

Nesse fim de semana, eu passei - gostaria que o Ver. Brasinha aqui estivesse - na Av. Baltazar de Oliveira Garcia, e, depois de todo o estardalhaço, eu percebi que há uma grande confusão lá, porque há trechos que dá para transitar, em meio a obras, e trechos inviáveis para o trânsito, deixando os motoristas atordoados. Não é possível transitar normalmente na Av. Baltazar de Oliveira Garcia, é uma confusão; Ver. Ervino, gostaria que V. Exª fosse lá visitar.

Eu acho que tudo o que acontece em Porto Alegre diz respeito a nós, diz respeito a esta Casa, diz respeito, também, ao Executivo, à Prefeitura, e o Prefeito Fogaça continua calado, distante, ausente, sem se preocupar, sem se interessar em resolver os problemas que, neste caso, continuam gravíssimos na cidade de Porto Alegre, sem projetos para o futuro. O Projeto Socioambiental, que inclusive nós deixamos, e o Ver. Todeschini foi um dos autores desse Projeto, que muito bem esta gestão está levando adiante, mas não reconhece nem os projetos que ficaram.

Quero saudar também, Ver. Goulart, o Ministério da Saúde por instituir o parto humanizado para todos e todas, independente da condição social, para que cada gestante, cada mãe tenha direito a um quarto privado, que fique com a criança para que, psicologicamente, seja um bom momento na vida de cada mãe o parto humanizado, com carinho, com a família em volta, como é o ideal e como, antigamente, não era assim, nem em termos de plano de saúde não podia, mas que isso vem melhorando, e agora com esse Projeto eu acho que ganham as mães de todo o Brasil. Muito obrigada, Ver. Claudio Sebenelo.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Meu querido Ver. Claudio Sebenelo, na presidência dos trabalhos; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, que mansidão conversar hoje num plenário com pouca gente! Isso até suave se apresenta. Eu acho que também tenho que continuar a mesma conversa que começou com o Ver. Adeli Sell e passou de maneira antológica pelo Ver. Claudio Sebenelo. E não é à toa que a gente está reclamando do salário dos professores, porque, rebaixando, se prenuncia uma aposentadoria baixíssima. Mas quantas reflexões, ali sentado, fiquei fazendo, enquanto ouvia os Vereadores falando! Imaginava - eu que já tenho 61 anos, que na Grécia antiga, em alguma região, já seria considerado muito velho, poderiam até me descartar da sociedade - Augusto dos Anjos, quando moço - ele que morreu aos vinte e poucos anos de tuberculose -, que refletia a velhice em um dos seus poemas da seguinte maneira: “...Não conheço o acidente da senectus/esta universitária sanguessuga/que produz, sem dispêndio algum de vírus/o amarelecimento do papirus/e a miséria anatômica da ruga...” Então, ele falava da velhice, que é uma situação que não é doença, e que, simplesmente, acontece pelo passar do tempo. Não é uma doença que acontece, mas é uma página que vai amarelecendo no livro com o passar do tempo. E quanto de experiência, quem conhece o acidente da senectus, tem para nos passar.

Os antigos índios, que são considerados pessoas fora da sociedade pela sua ignorância, pela sua falta de conhecimento da ciência, tinham muito mais sapiência ao considerar os seus velhos do que a nossa sociedade que tem computadores e chips. Reuniam-se os mais velhos no conselho dos senadores e falavam sobre o tempo, falavam sobre a colheita próxima, falavam como conduzir as crianças, quais os guerreiros que iriam à frente, quais os guerreiros que deveriam ficar mais para trás. Então, havia, naquelas comunidades antigas, arcaicas, o pensamento imenso de saber considerar a experiência dos mais velhos: os conselhos dos velhos.

Pensam as pessoas que os velhos não namoram, que os velhos não amam, que os velhos - para todo mundo que está me ouvindo entender - não transam, não fazem amor. Inclusive Manuel Bandeira, o grande poeta, teve esse pequeno lapso em um poema, quando ele diz: um dia subi no sótão da casa antiga do meu avô, e lá encontrei um baú, retirei um monte de cartas enroladas por fitas coloridas, eram cartas de amor que minha avó guardava recebidas do meu avô, e eu, indiscretamente, li as cartas, já que eles tinham morrido, e ali vi, e até achei engraçado, debochei, porque achava impossível agora eles terem o calor dos carinhos que trocaram quando eram jovens. Manoel Bandeira diz que ficou impactado com aquilo porque disse: “Imaginem meu avô e minha avó velha trocando um beijo, um abraço, uma intimidade maior, eu não acredito”. Isso só era possível para ele quando eram mais moços, e isso não é verdade. Nós, aqueles que passamos dos 60 anos, ainda amamos, ainda podemos trocar carinhos com a pessoa do nosso encanto.

Então, os velhos são as primeiras pessoas a serem descartadas das casas. Se os velhos não têm dinheiro para ter uma enfermeira que lhes cuide em casa o tempo todo, eles vão ter que ir para um asilo, porque as famílias estão vivendo muito rapidamente, as famílias têm muita coisa para fazer, e não têm que cuidar dos seus velhos que, às vezes, urinam no lugar onde não têm que urinar; que às vezes urinam na cama, urinam no sofá e precisam que isso seja cuidado, que seja limpo. Os velhos precisam do nosso grande carinho! As pessoas não falam com os velhos, os jovens cospem nos velhos, riem dos velhos, debocham dos velhos e não sabem que os velhos escreveram a história, não deste País, mas a história da humanidade.

Vinícius de Moraes também se manifestou a respeito da velhice, e aí, de uma maneira encantadora, ele, em um de seus poemas diz: que bom que eu possa envelhecer junto com a mulher do meu carinho; “Será assim, amiga: um certo dia/Estando nós a contemplar o poente/Sentiremos no rosto, de repente,/O beijo leve de uma aragem fria./Tu me olharás silenciosamente/E eu te olharei também, com nostalgia/E partiremos, tontos de poesia/Para a porta de trevas, aberta em frente./Ao transpor as fronteiras do segredo/Eu, calmo, te direi: - Não tenhas medo/E tu, tranqüila, me dirás: - Sê forte./E como dois antigos namorados/Noturnamente tristes e enlaçados/Nós entraremos nos jardins da morte”. Que bom que um dia a gente vá de mãos dadas caminhando pelo parque e chegue em frente a uma imensa porta aberta perto de nós, sentiremos uma aragem fria passar nos nossos rostos, e eu segurarei a mão da minha mulher namorada e direi: calma, não tenhas medo; e ela dirá para mim: Vem comigo, sê forte; e aí nós começaremos a caminhar e, mansamente, mas como eternos namorados, nós transporemos o portão e entraremos no jardim da morte.

Que bom que nós, velhos, possamos, junto com a pessoa do nosso carinho, viver todo esse tempo, para poder falar com alguém, poder dizer poemas para alguém, para poder abraçar alguém, para poder viver o tempo que ainda nos resta com alguém.

Então, numa manhã suave, com poucos Vereadores trabalhando na Câmara, e começando com a preocupação do Ver. Adeli sobre a velhice, passando pelas palavras bonitas e antológicas que o Ver. Claudio Sebenelo disse - isso porque ainda não ouvi a Verª Maristela Maffei -, que eu possa dizer a vocês: cuidemos de nossos velhos!

Os nossos velhos não têm de ir para asilos, a não ser que não lhes reste mais nada; eles têm de ficar perto de nós.

E eu conclamo a quem está me ouvindo a chegar em casa, hoje, e dar um abraço bem apertado nos seus velhos, nos velhos do seu encanto, nos velhos do seu amor, porque, talvez, quando tenhamos saído hoje pela manhã para trabalhar, estivessem pensando no frio que poderíamos sentir, nas desilusões que poderíamos perceber durante o dia, e ficaram tentando fazer um pensamento para nos proteger.

Os velhos são a história da humanidade, e nós, ainda rascunho, deveremos cuidar dos velhos que nos antecederam, que são nossos pais, nossos vizinhos, nossos amigos.

Era isso o que tinha a dizer sobre a velhice. Obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Parabéns, Ver. Goulart, muito obrigado.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Líder pela oposição.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, por deferência das minhas líderes Margarete Moraes e Maristela Maffei, das Bancadas do PT e do PCdoB, e, na Oposição desta Casa, faço uso deste espaço privilegiado.

Verª Maristela Maffei, antes nós discutimos algumas questões sobre os idosos, e uma coisa que esqueci de dizer, e faço questão de enfatizar aqui, é que somos de oposição, porém, não fazemos a oposição tradicional que se faz neste País infelizmente, “chutando o balde”, como se diz em boa linguagem gaúcha. Mas nós queremos saber dos projetos, Maristela Maffei, se os 3% das habitações populares são destinadas para os idosos. Isso está no Estatuto do Idoso. Voltarei a este tema posteriormente.

Mas nós, que somos Vereadores, independentemente de situação ou oposição - eu falo pela oposição -, serei, apenas enfático nas palavras: eu quero saber, eu exijo, porque é um direito do Vereador saber, quando não são respondidas várias questões que a minha Bancada, em especial, tem feito sobre a Carris, e não tem tido retorno; não tem tido retorno. O balanço foi apresentado na CEFOR, cheio de dúvidas nada esclarecedoras. Nós temos o direito de saber, e eu pergunto: a Carris não vai responder àquilo que eu tenho falado aqui? A situação não vai responder sobre um diretor, um diretor-técnico, importante que tem vários processos de execução fiscal? Não tem explicação, pode até ser lícito, legal, estar lá; mas não responder, não explicar... Isso deixa dúvidas; deixa dúvidas.

Eu tenho o direito de ter dúvidas, porque, afinal de contas, a boa filosofia dos gregos ensina que ter dúvidas é algo extremamente importante para construir um pensamento, para ser razoável, e, para ser razoável eu vou continuar perguntando: afinal de contas, a Carris, a situação não vai responder essa questão?

E sobre a república de Eldorado do Sul? Aqueles vários CCs “gordinhos” que tem lá, também não vai responder sobre isso? É incrível... Com tantos profissionais que têm aqui - o Dib deve conhecer 55, o Elói Guimarães outros 40, nessa área, porque foram secretários - precisa importar de Eldorado do Sul, se há tantos técnicos capazes de montar a república de Eldorado do Sul dentro da Carris? Não vão responder isso também para a oposição? Ou mesmo para a situação, que também acho que gostaria de saber. Então, como perguntar não ofende, vou continuar perguntando. Eu sempre tenho tido o silêncio nesse tempo.

Quero também tratar de algumas outras questões, aqui, que considero importantes: primeiro, a situação dos moradores de rua do Centro da Cidade, o sofrimento psíquico de algumas pessoas. Encontrei um cidadão - não sou médico, mas pelo que estudei, e porque a Agafape tem sido muito atuante aqui nesta Casa - provavelmente portador de esquizofrenia, que estava fazendo um discurso, um diálogo com o monumento a Júlio de Castilhos, e depois subiu no monumento, quase desnudo. Será que a Prefeitura precisa ser avisada, quantas vezes, para tratar este cidadão da Praça da Matriz? E aquele que canta as músicas de Raul Seixas e tem surtos nas madrugadas, e repete a mesma frase: “há dez mil anos atrás”, e Raul Seixas de novo: “há dez mil anos atrás”, e Raul Seixas de novo... Será que ninguém vai cuidar disso na Cidade de Porto Alegre? E aquelas pessoas que estão ali na porta da Prefeitura, cheirando cola na escadaria da Prefeitura? E aquela situação degradante no entorno do Mercado Público: será que nós vamos deixar o Mercado Público ser detonado, Dib e outros Vereadores? Eu não lembro se o senhor estava aqui naquele momento, Ver. Goulart, em que nós fizemos um pequeno documento, pequeninho e distribuímos sobre a defesa do Mercado. Eu lembro que o primeiro discurso que fiz na tribuna da Câmara de Vereadores foi sobre o Mercado Público. Nós estávamos lá, vários Vereadores estiveram lá preocupados com isso. Hoje, nós temos o entorno do Mercado Público extremamente degradante. Tem o Funmercado, que também a Prefeitura não responde quanto tem. Na minha época, eu sabia que estava no caixa único, continua no caixa único, eu sabia que eram três milhões e alguma coisa, e eu discutia o que nós tínhamos que empregar. A calçada no entorno do Mercado Público é responsabilidade do Mercado Público, da Prefeitura e tem o Funmercado para gastar nisso. Por que não arruma? E aquele calçamento na frente? Se a SMOV não consegue... Isso faz parte do patrimônio. A sarjeta precisa ser arrumada, porque fica aquela água fétida com a qual limpam os carros de manhã, durante o dia todo na frente do Mercado Público. Aqui não temos uma oposição alucinada que chega e “chuta o balde”, apenas é ponderada, apenas é preocupada com as coisas da Cidade, e quer saber e faz propostas concretas para que as coisas melhorem na Prefeitura. Como também na frente do Banrisul, ali na rua Otávio Rocha, onde tem um cano do DEP estourado, com fedentina, será que não dá para arrumar? O DEP tem sido tão diligente nas minhas proposições. Finalmente, o DMLU tem sido atento às minhas questões, mas a Cidade suja. No Passo das Pedras foi iniciado um pequeno processo de limpeza, mas não foi terminado o trabalho no Passo das Pedras; tem de ir lá fazer do início ao fim. Fazendo justiça aqui: um pedido que nós fizemos para limpeza na Vila Vargas, felizmente foi feito. Eu sou daqueles que, como oposição, não “chuto o balde”, apenas sou um cidadão como qualquer outro, mas como Vereador eu tenho conhecimento geral da Cidade que a mim cabe fiscalizar e é o que eu faço como Vereador. Além de Vereador, agora falei como oposição. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Obrigado, Vereador. Esta Presidência toma a liberdade de anunciar que, às 11h30min, no gabinete do Sr. Presidente, no Salão Nobre, esta Câmara receberá o Sr. Comandante do V Comar, Major-Brigadeiro Raul José Ferreira Dias, para apresentar o Coronel Litwinski como Assessor Parlamentar da Câmara e cumprimentá-lo. Convidamos todos os Vereadores para que lá compareçam.

A Verª Maristela Maffei está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Ver. Claudio Sebenelo; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, esta manhã tem servido de profunda reflexão em relação à questão da melhor idade. Mas eu quero, antes de refletir um pouco sobre este tema, falar daqueles que não conseguem chegar nela. E, aí, voltar a um tema que todos nós discutimos e que, confesso, temos muitas dificuldades de ajudar a resolver. Nós temos dito que o narcotráfico é a segunda maior economia mundial. Primeiro vem a indústria bélica, em segundo vem o narcotráfico, e o tráfico de órgãos vem em terceiro lugar no mundo, o que me deixou estarrecida, até por ignorância desses dados. Muitas vezes não temos tempo para aprofundar alguns temas, alguns debates nesta Casa, porque temos que estar preocupados com aquilo que cada Vereador coloca aqui, com as suas preocupações, o problema do lixo, o problema da Saúde, o problema da habitação, enfim, os problemas cotidianos da nossa Cidade. Mas não há como nos furtarmos de olhar os problemas seriíssimos que nos atingem. E eu lamento dizer, Ver. Dib, que, às vezes, nós nos sentimos realmente impotentes, parece que é um problema sem fim. Alguns são uma minoria no mundo, infelizmente no Brasil isso é muito forte, porque o Brasil é a grande “mula” do mundo, que passa por aqui, que tem os caminhos, e nós sentimos às vezes a inoperância das autoridades e de toda a sociedade, porque seria uma irresponsabilidade dizer que determinado segmento tem a responsabilidade. Agora, não analisarmos a questão da juventude, da prevenção, isso me parece ser a nossa maior responsabilidade, o nosso maior crime, porque esses problemas não param. O problema da desestruturação das famílias para o capital - e aí eu não entro no sistema ideológico propriamente dito - não tem cor, não tem parâmetro, não tem barreira, não tem nacionalidade. O que importa é quem o tem e onde cai. E eu lamento que muitas vezes eu ouço nesta tribuna as pessoas julgarem - em especial quando se trata do adolescente e do empobrecido - a responsabilidade, como se botar no paredão e matar acabasse com o problema. E nós sabemos que isso é o limite da maioria das pessoas que têm profundidade sobre o assunto.

Quero dizer que calou muito fundo, segunda-feira, quando eu vi os dois, mas em especial aquela jovem de 20 anos, que deixou a filha já com o outro seqüestrador ou alguém de outro grupo, não importa - não estou aqui para julgar ninguém, isso pode acontecer em qualquer classe -, deixou a menina de dois anos, na creche, e depois foram levados para execução. E aí, Ver. Claudio Sebenelo, não era longe da minha casa, era bem próximo. Pessoas que nós conhecíamos e com quem convivíamos. Aquela menina de 20 anos foi enterrada ontem. Ela não vai chegar na melhor idade. Infelizmente, isso vai acontecer com muitos e muitos jovens. Eu lamento a dor daquela mãe. Não há nada que tire essa dor. E aí eu não julgo se a mãe ou o pai foram relapsos; aconteceu. A situação é esta, sem perspectiva.

Provavelmente uma pessoa, por meio da droga, consiga arrecadar, naquele momento, o que conseguiria em um mês trabalhando como balconista num supermercado. É a facilidade que os grandes, que representam a segunda maior economia do mundo, conseguem derrubando a perspectivas dos nossos jovens. E aí vem, sim, a nossa responsabilidade de manter políticas contínuas, porque não é só dar uma casa: é ganhar cidadania. E ganhar a cidadania significa o conjunto das políticas sociais. E não é difícil, o Ver. João Dib tem repetido aqui, é simples. Jaime Lerner dizia isso: “Quando você vai fazer um parque, lá vem alguém querendo enfiar túnel por baixo, fazer coisas que dão milhões a mais”. Sempre tem um atravessador, seja no tráfico, seja na arma, seja no tráfico de órgãos, sempre tem um atravessador, infelizmente. É essa raça, Ver. Sebenelo - terminando o meu discurso e abusando da sua bondade -, não é no sentido de eliminar, mas é essa prática e essa cultura que nós criticamos nos outros, e, às vezes, a gente gosta do “jeitinho”, quando é para nos favorecer. É essa a prática lá da Associação de Moradores, quando tira uma agulha, como de qualquer instituição neste País, publica ou privada. Quando alguém derruba um clipe, que é dinheiro público, quando vejo isso no gabinete, eu digo: “junta”. Se eu vejo qualquer coisa... Começa por nós. Eu não perdi a visão dialética e nem ideológica por estar fazendo este tipo de reflexão ou por ter estado tão próxima da desgraça - mais uma - que aconteceu na comunidade onde eu moro, e ver o enterro daquela jovem de 20 anos, ver a Lígia pedir pela mãe. Não basta só rezar: nós temos que fazer, temos que refletir. Há momentos como esse? Há, mas nem por isso vamos deixar de lutar e pensar que, quando se trata dessas coisas, não importa onde tu estás, qual seja o Partido: seja contra; lute contra! Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Meus parabéns, Vereadora. Muito obrigado.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu caro Presidente, Ver. Sebenelo; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16 da TVCâmara, eu quero saudar todos.

Quero abordar dois assuntos nesta tribuna, mas, antes disso, quero, com muito carinho, muita amizade e consideração, transmitir o meu abraço a essa extraordinária criatura que é o Ver. João Antonio Dib, que está de aniversário no dia de hoje. Receba o meu abraço fraterno e familiar. Também receba o meu abraço o Presidente desta Casa, extraordinário Presidente, que está de aniversário no dia de hoje. Recebam os dois queridos colegas Vereadores o abraço muito fraterno, amigo e carinhoso.

As coisas boas, acho que a gente deve falar. Eu já falei algumas vezes e vou repetir novamente no dia de hoje: na última terça-feira, Ver. João Antonio Dib, com a presença de V. Exª e da maioria dos Vereadores desta Casa, estivemos no encerramento do Seminário “Porto Alegre, uma Visão de Futuro”, lá na PUC. Eu acho que a Câmara cumpriu com o seu dever. Nós queremos reconhecer aqui o trabalho, meu caro Presidente em exercício, Ver. Sebenelo, e Presidente, Ver. Sebastião Melo, com a participação de todos os Srs. Vereadores e Sras Vereadoras. Penso que foi um Seminário de grande importância. Todos os assuntos lá levantados e discutidos tiveram a participação de praticamente todos os segmentos da nossa Cidade. Isso foi de grande importância. E, na última terça-feira, participamos o dia todo. Eu creio que foi um belo encerramento, com a participação, na área de Segurança, do Jornalista Marcos Rolim, que deu um parecer de grande importância. O Professor João Carlos Brum Torres, Júlio Brunet e o Jornalista Cláudio Brito destacaram, com muita profundidade, a situação da nossa Segurança. E, à tarde, também com chave de ouro, foi encerrado o Seminário, com a participação de Jaime Lerner, Jordi Borja e Charles B. Duff. São pessoas que têm um conhecimento extraordinário e uma visão de renovação urbana. Pela manhã, tratou-se da área da Segurança, e, à tarde, foi sobre a renovação urbana, coordenado pelo João Carlos Brum Torres, de uma forma bem preparada e com grande competência.

Agora, nós Vereadores, temos que criar, sem dúvida nenhuma, Ver. João Antonio Dib, esse instituto para que não aconteça o que já ocorreu com outros grandes eventos feitos em Porto Alegre, a exemplo do Fórum Social Mundial, que foi amplamente discutido. Acabou o Fórum Social Mundial, morreu, acabou tudo. Nós não queremos que isso venha a acontecer.

Eu acho que a Câmara cumpriu com o seu papel, cumpriu com o seu dever e não pode simplesmente acabar o Seminário e esquecer tudo o que foi discutido. Não, teremos que dar continuidade. Acredito que a criação desse instituto será, sem dúvida nenhuma, de grande importância para Porto Alegre. Não sabemos quem irá continuar nesta Casa no ano que vem, mas quem ficar e outros que virão terão que dar continuidade a tudo o que foi discutido, porque será de grande proveito.

O segundo assunto levantado no dia de hoje eu acho que é de grande importância.

O Ver. Adeli Sell e outros Vereadores já se pronunciaram a respeito da velhice, assunto que até emociona a gente, porque não podemos esquecer que um dia todos nós ficaremos velhos. A vida é assim. Agora, dói na alma da gente quando vemos uma pessoa idosa atravessando ruas ou se dirigindo a uma loja onde as pessoas não respeitam o idoso. Será que não sabem que um dia vão ficar velhos? O idoso muitas vezes é xingado. Pelo amor de Deus! Essas pessoas, no vigor da sua juventude, deram o seu trabalho, a sua história para engrandecer este País, esta nossa Pátria! Ainda assim não são respeitadas. Isso dói na alma da gente. Eu sei que não só este Vereador sente, mas todos os demais Vereadores e as pessoas que nos assistem no Canal 16. A gente visita a SPAAN, asilos e outras entidades que prestam relevantes trabalhos sociais para o idoso; a gente vê que muitos familiares pegam o pai, a mãe, um tio, enfim, um familiar, largam num asilo e o esquecem. Não se faz isso, gente! Isso é um crime que se comete contra o idoso! Então, temos que tratar o nosso idoso com carinho, temos que tratar bem essas pessoas por tudo o que elas representam na história, gente!

Quero aproveitar esta oportunidade, meus queridos colegas Vereadores e Vereadoras, para mandar um abraço muito fraterno, muito carinhoso, à Celestina Besson, que, lá na Itália, está na casa dos 103 anos, os quais completará daqui a alguns dias. Ela tem uma vida tranqüila, Ver. Haroldo de Souza, ainda anda na rua. Estava há pouco falando com o Aldo a respeito de como são tratados os idosos lá na Itália: com respeito, com dedicação e carinho. Os familiares, lá, saem a passear, levam os idosos, enfim, nas horas de lazer. Aqui, parece que a pessoa se sente um pouco envergonhada de pegar o pai ou a mãe e sair na rua, Dr. Goulart. Pelo amor de Deus, é um orgulho sair às ruas com um idoso, abraçados, mostrando carinho! Sinceramente, nesta área, nós aqui no Brasil temos que mudar um pouco esses conceitos. Nós sabemos que o idoso, quando vai comprar alguma coisa a crédito, sente-se humilhado, porque, às vezes, tem dificuldade de abrir uma conta, de ter crédito. Não se faz isso com o idoso; não se faz isso!

Portanto, eu acho que, hoje, vários Vereadores se pronunciaram reconhecendo e destacando o que representa o idoso, o respeito que temos de ter com as pessoas idosas, a quem não podemos esquecer, como eu já disse no início. Você, meu querido amigo e amiga que me assiste pelo Canal 16 da TVCâmara, não nos esqueçamos de que, um dia, todos nós vamos ficar velhos.

Como nos sentimos honrados, satisfeitos, quando recebemos um abraço de uma pessoa mais jovem, com carinho. É um reconhecimento pela história, por tudo que essas pessoas fizeram em sua trajetória neste nosso País.

Portanto, fica aqui o nosso carinho, o nosso respeito aos nossos idosos. E que nós não nos esqueçamos, quando tivermos alguns minutos, algum tempinho, de visitar algum asilo, vamos dar uma chegadinha na SPAAN, ver como aquelas pessoas tratam os idosos, os enfermeiros, as atendentes, as pessoas que trabalham na cozinha; no Asilo Padre Cacique ou em outros asilos que há para vermos o carinho com que as pessoas tratam os idosos. Talvez muitos familiares assim não o façam, essas pessoas que teriam a obrigação de fazer e não o fazem, Ver. João Antonio Dib; nós sabemos disso.

Portanto, fica aqui, também, o nosso reconhecimento a todas essas pessoas, à direção dessas entidades, dessas casas que lutam com muita dificuldade. Graças a Deus, temos pessoas abnegadas, pessoas dignas, que ainda prestam atendimento, dão esse apoio, esse carinho às nossas pessoas idosas. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Obrigado, Ver. Ervino Besson.

O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Ver. Claudio Sebenelo, demais Vereadores, está lá o Ver. Dr. Goulart, o Ver. João Antonio Dib, o Ver. Ervino Besson e eu - estamos em cinco, não é?

Venho aqui na 13ª Reunião Ordinária, em Comissão Representativa. Por que Representativa? Vou completar oito anos como Vereador e não consegui entender isso ainda. Eu tenho na minha cabeça que férias são para você sair do ambiente de trabalho, e, realmente, descansar, desligar desses problemas. E no Parlamento, para quem não sabe, para quem está fora, isto aqui é um emaranhado de confusão e de problemas; todos os dias são problemas, milhares deles que chegam ao Gabinete, e nem sempre são resolvidos, porque, primeiro, não é obrigação do Vereador. Mas o Vereador... Quem é que não tem coração? Quem ouve o Ver. Ervino Besson falar percebe que é um coração que está pulsando forte! Então, todos nós temos vontade de ajudar as pessoas, mas eu não posso dar dentadura, não posso dar botijão de gás; esse tipo de coisa que vai cansando a gente.

E, aí, você tem que vir ao plenário ainda para discutir o seguinte, vamos ao trabalho de hoje: Requerimento da Ver. Clênia Maranhão de repúdio à presidência do Senado do Brasil – data: 22 de outubro do ano passado; está aqui. Vamos a outra, Ver. Aldacir Oliboni e o Ver. Dr. Raul requerem a Moção de Apoio à Secretaria dos Conselhos Estaduais, interessante, de 2008. Há mais uma de 2008, e o restante, todas, apanhem este papel (Mostra documento.), é tudo do ano passado: são moções de repúdio que não tem mais nada a ver. Mesmo porque uma Moção de Repúdio, repudiando Ahmadinejad - mais ou menos é o nome do cara lá do Irã - sobre bomba atômica nuclear... Ele não vai parar, porque eu pedi Moção de Repúdio contra a bomba atômica no Irã. E aí?

Aqui, as calçadas estão quebradas, e estão sim, o PT está denunciando que as calçadas estão quebradas, mas, em 16 anos, nunca encontramos uma calçada quebrada dentro de Porto Alegre? Não?

E a tal de fedentina que o Ver. Adeli Sell falou aqui? Não tínhamos pontos de fedentina em 16 anos? Mas, que diabo! Eu continuo ainda questionando como é que se faz política, continuo questionando, porque nós estamos no caminho errado. Não é por aí, oposição por oposição. Quando eu for oposição de novo eu estarei no direito de passar na esquina do José dos Anzóis Pereira e achar uma fedentina, e falar “olha o Governo está com as calçadas...” Como se vai manter as calçadas de uma cidade tão grande como Porto Alegre, como São Paulo? Agora se vocês me disserem que incharam os gabinetes de todos; os escritórios estão inchados. Em alguns setores, como aquele daquela querida que está me ouvindo (aponta uma servidora da Câmara), falta gente; no outro tem gente demais; isto aqui na Câmara. E, aí fora, quantas pessoas estão em salas sem fazer absolutamente nada? Se vocês chegarem aos Gabinetes dos Vereadores, vocês vão encontrar as pessoas trabalhando, mas nós temos, na seqüência, no serviço público, muita gente sem fazer nada, por interesse de Partidos que estão no Poder vai inchando a máquina, e aí não tem mão-de-obra na rua, porque senão estoura o orçamento, não tem dinheiro para pagar.

Nós vamos ter que dar um jeito de acertar e nos entender, porque as coisas não podem ser assim: a crítica pela crítica. Já basta a imprensa, que coloca os políticos como sendo todos diabos, capetas, ninguém vale nada para a imprensa; e eu sou da imprensa. Generalizam todos, a imprensa é incapaz de fazer um trabalho destacando aqueles que são honestos, que são transparentes, que trabalham. Não, é tudo generalizado! Esquecem das mutretas das grandes empresas, dessas próprias empresas que têm esses profissionais trabalhando: Rede Brasil Sul, Rede Record, jornal O Sul, todos os jornais! Eu estou falando no Rio Grande do Sul, para não abranger todo o Brasil, mas todos têm coisas também!

Não me venham com essa de que: “O Haroldo falou da imprensa, e a imprensa, depois, pode perseguir o Haroldo.” Não estou nem aí! Eu respeito demais a imprensa, porque eu faço parte dela, mas existem exageros que precisam ser corrigidos, como existem exageros que precisam ser corrigidos aqui. E eu confesso: ano que vem, se Deus quiser, eu vou estar aqui de novo e eu pretendo ser situação para ouvir: “Olha, tem uma calçada quebrada!” Mas tem um plano de Governo, sim, para continuar trabalhando e buscar aquilo que, durante 16 anos, o Partido dos Trabalhadores não fez; e fez muita coisa, eu não vou jamais dizer que o PT não fez uma boa administração. Fez, mas teve erros homéricos, muitos erros! E nós, no caso, Governo, agora - e pretendemos mais quatro anos -, queremos ter, na seqüência, tipo o que está pedindo o Odi Melo, que é um morador da Zona Norte, Dib, e que combina conosco. Ele diz aqui que é preciso a Prefeitura proceder a alterações de trânsito ao cruzar a Av. Assis Brasil. Ali está um problemaço que nós vamos tentar resolver, é evidente! Nós estamos aqui exatamente para isso. E ele dá uma sugestão, Dib: viadutos e túneis. E essa é a solução, sim, para Porto Alegre, e isso está no plano de governo do Fogaça para mais quatro anos.

Os fatos recentes falam de humanos totalmente descontrolados, crimes que a gente não esperava de seres humanos. Não, não é possível, não existem mais! O João Antonio Dib me dizia: “Haroldo, mas quem sabe através dos tempos, ou sinal dos tempos, porque, quando a coisa baixa, vai, vai, uma hora ela tende a subir”. E é o que nós esperamos, gente! Porque, realmente, está muito complicado. O cidadão, para ganhar dinheiro, para aumentar a sua conta bancária, não está nem aí para o lado moral, para o lado ético. E não somos só nós, políticos. Quando a gente faz uma campanha no corpo-a-corpo como esta - em que está a Cidade limpa, graças ao Projeto aprovado nesta Casa de não sujar os postes, a Cidade está bonita, está respirável, está gostosa -, a gente encontra coisas inacreditáveis pela nossa frente, como gente que negocia muro terceirizado! Nunca vi disso! O muro não é do cara, mas o cara está negociando o muro para levar uma porcentagem. Espera aí! No ano que vem vamos fazer um Projeto para proibir essa história de pintar muro na cidade de Porto Alegre, pois suja a Cidade. Estou convocando vocês já para isso. Briga por muro, terceirização de muro em campanha eleitoral? Não!

Eu sou de uma idéia, Ver. Sebenelo, que o Vereador deveria receber, sim, dos cofres públicos, 50 mil reais para uma campanha a Vereador. Vou repetir: 50 mil reais para uma campanha a Vereador, dos cofres públicos. E aquele que ultrapassasse os 50 mil, que gastasse 50 mil e um centavo, se eleito seria cassado! Cinqüenta mil dá perfeitamente. No meu Partido há candidatos gastando 200, 300 mil reais; há candidatos de outros Partidos, que não o meu, que vão gastar 200, 300 mil. De onde vem esse dinheiro? Como vai prestar contas? Eu quero saber depois, porque foi estabelecido o máximo de 120 mil - o que é muito. Com 50 mil se faz, sim, uma campanha.

Volto àquela história da campanha no corpo-a-corpo, onde a gente encontra pessoas negociando tudo! A deterioração não é só da classe política, é da sociedade brasileira e, por extensão, da sociedade mundial. As pessoas pelo dinheiro fazem qualquer coisa, matam até a mãe! Ou não? E, no sentido figurado, entre nós aqui - estou dizendo entre nós, e me incluindo -, temos que “dançar de perneira”, porque se eu dobrar aquela esquina eu posso levar uma bola nas costas de um Vereador que eu considero amigo. Na política não existe amigo; não existe!

Agora, também não existe nós segurarmos aqui um batalhão de funcionários, gastarmos energia elétrica, gastarmos telefone, gastarmos café, gastarmos água para a Comissão Representativa votar Moção relativa a fevereiro do ano passado, quando acho que o cara que seria “moçado” - é assim que fala?! - talvez até já tenha morrido. E aí? Está contra mim? Bota o sapato em cima, malandro! Não tem mais nada a ver! Quero dizer: por que a Representativa? “Não, mas isso faz parte do Regimento, não dá para resolver”. Muda-se o Regimento, basta fazer isso! E dá! Não precisa nem estabelecer essa história de discutir aqui que nós precisamos mudar as férias, etc. e tal. Trinta dias por ano e nada mais do que isso, porque o funcionário normal ganha 30 dias por ano! Para nós também 30 dias, mas que sejam férias e não essa famigerada Comissão Representativa, que, para mim, não representa absolutamente nada. Eu estou de férias, mas estou com a mente aqui, trabalhando. Que férias são essas? Férias são aquelas em que você se desliga do seu trabalho, para que você possa recarregar as suas baterias mentais e voltar para o trabalho que você gosta de fazer com mais disposição ainda, através dos tempos. É assim que eu faço como locutor esportivo há 44 anos. Eu me desligo de tudo para, quando voltar, voltar com a carga renovada para fazer aquilo que eu mais amo, que é narrar futebol - e, depois, o envolvimento com a política, com dois mandatos, e, agora, na tentativa do terceiro.

A Verª Maristela falou em cidadania. Uma coisa importante! Como não é importante? Mas com Bolsa Família? Com 130, 140 pilas, para sustentar três, quatro pessoas?! Não! Isso é para garantia de permanência no Poder! E quando eu vejo o PT no Poder, eu volto um pouco no tempo e lembro de Zé Dirceu. Se o Brasil cair nas mãos do José Dirceu, nós teremos uma ditadura civil! E se cair nas mãos do Tarso, nós estaremos no inferno! Tarso Genro! Marquem esse nome! É um homem carregado de maldade dentro de si! Tarso Genro: esse é um grande perigo! Mas não é um perigo, porque é do PT; porque é brasileiro e pode chegar à liderança deste País, e aí nós estaremos ferrados, pelas suas atitudes e pela maneira com que ele toma decisões, quando é chamado a intervir! Vamos recordar alguma coisa que aconteceu recentemente lá em cima, quando ele foi lá e, ao invés de apaziguar, ele jogou gasolina no fogo. Esse é o apaziguador?! Ou ele quer ver, realmente, o MST, a Via Campesina e outras coisas que estão por aí, bagunçando o País, para que, realmente, possa se estabelecer uma ditadura civil? Eu fora! Eu tenho medo disso.

Por último, eu quero agradecer profundamente, de coração, ao Presidente Lula, por mais um favor que ele prestou ao Estado do Rio Grande do Sul. Quando nós perdemos a Ford, eu achei que nós não teríamos mais prejuízos no campo automobilístico, mas o Lula interferiu, e nós perdemos a Toyota, que vai para a cidade de Sorocaba, no interior do Estado de São Paulo. O Lula interferiu e preferiu levar para lá, porque ali ele tem uma vastidão de Bolsa Família; no interior, por onde tem os canaviais e os cafezais do Estado de São Paulo. Grande Estado de São Paulo, a locomotiva deste País. Pois é ali que o Lula aposta, é ali que o Lula joga todas as suas fichas, devagarzinho, e mantendo-se no Poder.

Uma mulher Presidenta? Não sei. Tarso? Por favor, não! E a gente fica na expectativa de, ao fazer este agradecimento, que o Lula realmente saiba que a gente está atento, como atentos estão seus Vereadores, todos agora aqui no plenário, todos estão trabalhando. E já que eles estão fazendo uma coisa lá fora, eu estou indo embora, porque eu vou fazer a mesma coisa. Um abraço.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Claudio Sebenelo; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores; hoje não somente o Presidente da Casa e este Vereador estão de aniversário, a Capital, Porto Alegre, também está de aniversário. Na realidade, no dia 24 de julho de 1773, Porto Alegre, que era uma freguesia, passava a ser a Capital. Em 1803, D. João VI transformou em Vila, e, em 1822, D. Pedro I transformou a Vila em cidade. Portanto, Porto Alegre tinha os seus primeiros Vereadores, o seu primeiro intendente lá em 1890. Os Vereadores de Porto Alegre, antes disso, foram obrigados a ser Vereadores em Porto Alegre, porque eles não queriam vir de Viamão para cá, e o Governador do Estado chamou-os a Porto Alegre, mandou fechar os portões da cidade, e no dia 06 de setembro de 1773 a Câmara se instalava definitivamente em Porto Alegre.

O Ver. Haroldo de Souza perguntou se eu já estava lá. Respondo: ainda não!

Eu sou daqueles que gosta de ser desafiado, eu acho que tenho condições de responder aos desafios, e o Ver. Adeli Sell, na Sessão da semana passada, me desafiou a provar que com o Governo Lula, Porto Alegre, a Capital Porto Alegre, a Prefeitura de Porto Alegre, passou a receber menos recursos para o SUS. Está aqui o levantamento feito: 307 milhões e 709 mil mandou Fernando Henrique, em 2002; em 2003, Lula mandou 251 milhões. Se nós colocássemos ali o índice da oportunidade, o IGP-M, deveriam ser 337 milhões de reais; em 2004, o Presidente Lula mandou 265 milhões e 900 mil reais. Se eu colocasse o IGP-M, índice da época, 12,85%, deveriam ser 380 milhões de reais; em 2005, o Lula mandou 286 milhões, mas se eu colocasse o IPCA, que passou a ser o novo índice, deveriam ser 404 milhões e 800 mil reais. Em 2006, Lula mandou 299 milhões e 700 mil reais, mas com o IPCA de 3,59%, deveriam ser 419 milhões e 300 mil reais; em 2007, Lula mandou 336 milhões de reais, pela primeira vez superou os 307 milhões de reais de Fernando Henrique, mas se aplicasse o IPCA, teríamos que ter 440 milhões de reais para a Saúde em Porto Alegre,feito pela Prefeitura, não pelo Hospital Conceição, nem pelo Hospital de Clínicas, só pela Prefeitura, que é de quem o PT reclama que o serviço vai mal. Claro, não mandam o dinheiro! E se o Ver. Adeli Sell tiver alguma dúvida do quadro que aqui está informado, tenho as páginas em que estão colocados estes valores dentro dos relatórios da Prefeitura, aprovados na Comissão de Finanças, ano a ano. Portanto, o Ver. Adeli Sell vai ter uma cópia, e eu sei que ele terá a seriedade de vir à tribuna e dizer: “realmente, o Ver. João Antonio Dib tem razão: Lula mandou menos dinheiro para Porto Alegre do que mandava Fernando Henrique Cardoso”.

E aquela história sempre contada de que a Governadora Yeda deve 40 milhões de reais para a Prefeitura: ela não deve! Quem deve e foi condenado na Justiça foi o Governador Olívio Dutra, e depois o Governador Germano Rigotto, em pouco mais de 30 milhões de reais, mas que estão em precatórios, e esses precatórios nós sabemos como são resolvidos... Mas, de qualquer forma, eu sou muito atento; muito.

Eu, num aparte ao Ver. Carlos Todeschini na semana passada - ele não está presente neste momento -, eu dizia que o Presidente Lula havia nomeado mais da metade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. O Ver. Carlos Todeschini, numa expressão irada, disse: “É mentira, ele só nomeou o Joaquim Barbosa!” Eu sou um político que entende que políticos inteligentes não mentem. A pior coisa que um político pode fazer é mentir, porque ele, em seguida, será desmascarado. Então, o melhor é não mentir, é ser sério, é ser responsável, é procurar ser competente. Eu quero dizer ao Ver. Todeschini, em especial, que Lula nomeou Antonio Cezar Peluso, em 2003; Carlos Ayres Britto, em 2003; Joaquim Barbosa, que é o Ministro do Todeschini, em 2004; Eros Grau, em 2004; Enrique Lewandowski, em 2006; Cármen Lúcia, em 2006; Carlos Alberto Direito, em 2007. E ele ainda vai nomear um, antes de sair do Governo. Então, ele vai ficar com oito. Sete dos onze são nomeados pelo Presidente Lula. Portanto, não precisava ficar tão brabo o Ver. Todeschini e dizer para este Vereador: “É mentira!” Este Vereador não mente, este Vereador entende, com muita clareza, que o político sempre tem que dizer a verdade; se ele falar, as pessoas que o ouvem devem saber que esse homem está falando a verdade; ele tem que criar a noção de que a verdade é imprescindível na vida pública e é imprescindível para o político. É por isso que eu sempre tenho muito cuidado quando afirmo números, com qualquer informação que trago eu tenho muito cuidado para que depois não seja cobrado - nem vão dizer que eu me enganei; vão dizer que eu menti. Eu procuro ter o máximo de responsabilidade e seriedade nas informações que aqui trago.

Eu também ouço, aqui, queixas do meu amigo Adeli Sell sobre o Mercado Público. Nós fizemos uma campanha, Ver. Sebenelo - V. Exª fazia parte, o Ver. Luiz Braz, o Ver. Adeli Sell, o Ver. Fernando Záchia e eu -, para que o Mercado fosse realmente restabelecido naquele seu vigor que havia sido perdido em razão da modificação do Terminal do Largo Glênio Peres. Nós fizemos campanha, mas naquele tempo nós víamos o mesmo problema do cheiro na Av. Borges de Medeiros e também na Júlio de Castilhos em razão dos caminhões que trazem o peixe. Nós sabíamos, e até hoje continua a mesma coisa, não melhorou. Nos 16 anos foi a mesma coisa.

E se fala nos menores abandonados, nas pessoas abandonadas na rua, e aqueles meninos ninjas que a imprensa verificou que estavam dentro de um bueiro, onde dormiam; qual foi a solução do Prefeito Tarso Fernando Genro? Foi simples: fechou o bueiro e deixou as crianças na rua, não as recolheu! Agora querem que a Prefeitura do Prefeito Fogaça resolva todos os problemas.

O Projeto Pisa - Programa Integrado Socioambiental - realmente foi iniciado há muito mais tempo, o Projeto, mas já não é o mesmo Projeto que está sendo implantado agora, foi alterado, ele estava sendo estudado, não era definitivo ainda, mas não se pode tirar o mérito de quem começou a estudar. Assim como o Projeto Álvaro Chaves - hoje já concluído - havia tido o seu estudo iniciado. Pois o Prefeito Telmo Thompson Flores, quando criou o DEP, já deixou um Plano Diretor de Esgotos Pluviais, e aconteceu que o Conduto Forçado Álvaro Chaves teve a sua construção iniciada na Administração Villela, e leva esse nome porque a primeira parte exatamente correspondia à Rua Álvaro Chaves que foi retirada, feita a canalização pluvial, dá para passar um caminhão lá dentro, e novamente recolocada a Rua Álvaro Chaves.

Portanto, é melhor ter mais tranqüilidade nas expressões usadas na tribuna e nos desafios feitos, porque o Ver. João Dib está sempre preocupado em buscar a verdade e trazer a informação correta. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Ver. Claudio Sebenelo, na presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores, gostei do discurso do Ver. Haroldo de Souza, acho que por aí seria muito importante esse dinheiro, a verba de 50 mil reais até que é muito para concorrer a Vereador; é muito dinheiro, a gente faz uma campanha com um valor bem menor. E, Ver. Claudio Sebenelo, V. Exª sabe que para fazer uma campanha temos que caminhar, andar na rua, é por aí que começa a grande mudança das campanhas; acho que 50 mil reais está bom demais, Ver. Dr. Goulart, porque não há necessidade de gastar 100, 200, 300 mil reais, como há pessoas que falam. Eu não acredito que há algum Vereador que gaste 200 mil reais para ser Vereador. Eu quero dizer, Ver. Dr. Goulart, Ver. João Antonio Dib, que eu não acredito que há alguém que gaste 200 mil reais para ser Vereador; eu, nem que tivesse esse dinheiro, gastaria tanto.

Quero também dizer, Ver. João Antonio Dib, as coisas boas que estão acontecendo na Cidade. Eu queria que os Vereadores da oposição tivessem a grandeza do Ver. Adeli Sell, que sempre fala das coisas boas que acontecem, mas os outros nunca vêem nada, não conseguem enxergar. Eu não sei o que acontece, será que eles não estão andando dentro de Porto Alegre? Eles só vêem coisas ruins?! Eles não conseguem enxergar os asfaltos novos, há mais de 30 anos não era botado asfalto novo. Porto Alegre está ficando uma cidade bonita, limpa. Eu costumo dizer que nós não só enxergamos os “azuizinhos” que havia antes; agora nós enxergamos também os “laranjinhas”, que estão limpando a Cidade, que está ficando bonita, graças ao trabalho do nosso Prefeito Fogaça. O Prefeito Fogaça tem feito muito para a cidade de Porto Alegre. Eu confesso que eu moro há mais de 30 anos em Porto Alegre e nunca tinha visto a Cidade com tanta obra, com tanta influência como está sendo nesta Administração do Prefeito Fogaça, que começou mudando Porto Alegre, continuou o que estava bom e está arrumando o que não estava. Isso que é importante, Ver. João Antonio Dib, para nós, para a Cidade. O que vem acontecendo naquela Av. Baltazar de Oliveira Garcia, que não é uma obra do Prefeito Fogaça, é do Estado, da Governadora Yeda, que prometeu que não pararia as obras e não parou, está andando, cada dia que a gente passa, vemos um monte máquinas, o pessoal trabalhando. E a Cidade está passando trabalho, quem mora principalmente na Zona Norte, porque é um problema que vai ser sanado, eu acredito que até dezembro esteja completamente pronta a obra. Nós, Vereadores, aqui, os da oposição também, temos que olhar com bons olhos a grande obra que está acontecendo, que foi uma herança do outro Governo, que deixou aquilo parado, e o comércio literalmente quebrado.

E mais ainda, Ver. Claudio Sebenelo, para concluir, eu sei que V. Exª tem reunião, mas eu preciso também dizer a V. Exª que hoje à noite estaremos em busca da liderança (do Campeonato). Com certeza V. Exª teve ontem uma grandiosa emoção, quando o Inter ganhou; hoje é nossa vez, é a vez do tricolor (o Grêmio) chegar pela primeira vez à liderança no Campeonato. Nós (o Grêmio) vamos quebrar um tabu: vamos ganhar lá do Figueira (Figueirense), lá em Florianópolis, se Deus quiser! Até segunda-feira.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Duas lideranças: falou em Comunicação de Líder e quer a liderança do Campeonato Nacional. Muito obrigado a todos.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h53min.)

 

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